Em maio, estive em Teresina e aproveitei para finalmente conhecer o tão comentado
Salve Rainha. Por várias vezes, meu primo Vinícius - que é um dos membros organizadores - me convidou para ir e nunca havia dado certo, mas agora deu e foi uma experiência incrível. Não fazia ideia da dimensão e da profundidade do projeto. Até aquele momento, em minha mente, o Salve Rainha era uma grande festa realizada em algum lugar de Teresina abandonado, como uma forma de revitalizar o espaço.
No entanto, depois de ir ao evento e conversar mais com o meu primo, descobri a grande dimensão que o Salve Rainha tem e sua importância no contexto cultural, social e artístico de Teresina.
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Vinny |
Como bem define o Vinny:
“O Salve Rainha é uma tecnologia social de valorização do Patrimônio Cultural de Teresina. O projeto é realizado coletivamente por pesquisadores de diversas áreas (comunicação, arquitetura, gastronomia, ciências sociais, design e artes) e que em 4 temporadas, vem oportunizando espaço para mais de 400 artistas em uma proposta sustentável, buscando parcerias com os setores público e privado, reutilizando materiais descartados e contando com a colaboração voluntária de artistas e não-artistas para regenerar locais esquecidos, negligenciados e/ou subutilizados.”
O Salve Rainha começou pequeno, com uma proposta despretensiosa de ser um café sobrenatural que surgiu em 2014, na Parada de Cinema, um evento anual com exibição de curtas e longas. No entanto, logo após a Parada, o Junior das Chagas - um dos idealizadores do café - em conjunto com Renata Reis e o Márcio Estrela, tiveram a ideia de um projeto que viesse a ocupar um espaço abandonado de Teresina, mas não apenas com o intuito de revitalizá-lo, mas também mostrar a sociedade teresinense a importância daquele espaço, por meio de arte e cultura. E assim aconteceu o primeiro Salve Rainha, na Praça Ocilio Lagos com instalações, performances, galeria de arte, decoração, música e muito mais. O primeiro aconteceu para um público de quase 200 pessoas e em alguns anos, o evento cresceu e tomou proporções maiores - na edição em que estive presente, de acordo com a polícia, foram quase 10 mil pessoas.
Mas não foi somente em número de participantes que o projeto cresceu. O Salve Rainha tornou-se uma associação que coordena várias ações, não apenas o evento Salve Rainha que acontece em determinado período do ano, mas também trabalhos sociais junto a comunidade, como oficinas e workshops.
O Salve Rainha vai além. Não é apenas um propulsor de arte, cultura e atividades sociais. Ele é um grito de liberdade, como afirma Vinicius:
“Teresina estava precisando de um grito de revolução. Algum movimento que viabilizasse um espaço para pessoas alternativas em geral, para todas as tribos. Um espaço para se lutar pelo direito da mulher, do negro, do homossexual ou simplesmente pelo direito de ser quem é na sua liberdade, na sua essência. O Salve Rainha tornou-se um grito de militância, de resistência. O objetivo é proporcionar uma memória coletiva, uma imersão cultural. Levar arte, cultura, música, mas também ser uma ponte de conexão entre a realidade e o que é novo na arte, cultura, história, e a sociedade. Quebrar tabus e preconceitos e desconstruir conceitos e obrigações de que cada um tem que ser alguma coisa. Quebrar esta necessidade de rótulos e defender a ideia de que cada um pode ser o que quiser naquele momento. Além de proporcionar shows com as melhores bandas do Piauí e tudo de forma gratuita.”
É isto aí. Parabenizo a todos os organizadores por este incrível projeto e que ele cresça de forma a alcançar cada vez mais pessoas e ajude na evolução da humanidade em busca um mundo sem preconceitos. E que outras cidades possam - um dia - terem a experiência de terem um Salve rainha em sua cidade.
Conheça mais:
https://www.facebook.com/salverainhacafe
Fotos: Chris, The Red
Red Kisses,
Chris, The Red