domingo, 23 de janeiro de 2011

Artigo: “Arte e modernidade – entre fins e recomeços” por Roberto Conduru

Ano começou e acabou o recesso na pós-graduação. Já estamos a todo vapor e com nova leitura. O texto de discussão da semana foi escrito por Roberto Canduru e se chama: “Arte e modernidade – entre fins e recomeços”. E sobre ele foi o questionamento para discussão:

No texto “Arte e modernidade – entre fins e recomeços”, Roberto Conduru apresenta como uma das condições da arte a estrutura de “jogo”, em que, além do artista e do público, outros agentes e instâncias do sistema cultural e econômico interagem na construção dos significados de uma obra. Existe um complexo processo de significação e valoração do trabalho de arte que não se baseia apenas em dados objetivos, como as técnicas ou os meios empregados na obra: são igualmente determinantes os interesses de forças institucionais, culturais e mercadológicas.
Segundo o autor, a consciência de todas essas forças atuantes na arte é especialmente característica nos artistas desde a década de 1960, quando seus trabalhos se tornaram mais reflexivos e críticos com relação ao chamado “sistema de arte”. Diferentes estratégias artísticas passaram, então, a revelar e a testar os limites desse sistema. Uma delas foi intervir diretamente nos espaços expositivos, muitas vezes identificados com a força das instituições de arte. Tome, por exemplo, a obra “Cortes”, de Carl Andre, estudada no bloco Montagem. Procure refletir sobre a afirmação do autor de que o minimalismo teria se constituído como uma espécie de ação artística, que questionava a função cerceadora do sistema cultural.
A idéia de que a arte seria uma ação é, de fato, central para a arte contemporânea. “Cortes” mostra como os artistas passaram a se interessar cada vez mais por ocupar, modificar ou criar situações temporárias em galerias, museus e outros espaços públicos, em vez de criar objetos autônomos. O trabalho se tornava, portanto, a própria ação realizada naquele lugar, durante o período destinado à fruição pública. Negando o status do objeto (quando a obra “Cortes” é desmontada, sobram apenas tijolos e fotografias) e afirmando o valor da ação e da fruição, os artistas se opunham a valores vigentes, baseados na permanência, na unicidade e em significados instituídos.
O texto menciona trabalhos de outros artistas que funcionam contra a “lógica de domesticação” dos sistemas culturais e econômicos. A intervenção urbana de José Resende, que vimos no bloco Repetição, e a performance “I like America and America likes me” (“Eu gosto da América e a América gosta de mim”), do alemão Joseph Beuys, são duas ações artísticas em lugares públicos que procuraram transformar o “jogo da arte” em diálogos críticos com o público. No primeiro, a ação do artista altera drasticamente a paisagem, abrindo possibilidades de experiência e sentidos imprevistos em um lugar desvalorizado, esquecido. No segundo, o artista se confinou por cinco dias em uma galeria norte-americana junto com um coiote, que é um animal-símbolo dos EUA – uma declarada provocação aos valores do sistema cultural norte-americano. Pesquise mais, na Internet ou em outros materiais, sobre as ações artísticas de Beuys. Aproveite para pesquisar também o trabalho de outros artistas citados, como Richard Serra e Jenny Holzer – duas referências fundamentais para a prática contemporânea da arte como intervenção crítica em contextos públicos, sobretudo urbanos.
Ao longo do século XX a arte aprofundou a sua função crítica com relação aos sistemas de práticas e valores instituídos – sua força poética passou a estar ligada à capacidade de problematizar, questionar e testar esses sistemas.
Considere, agora, a atividade criativa em seu campo profissional. Reflita sobre as forças culturais e econômicas atuantes na produção e na circulação dos objetos e imagens produzidos com essa atividade. De que maneira a criação nesse campo poderia ser uma espécie de ação crítica? Ou seja, como poderia chamar a atenção de seus usuários/clientes para as relações e valorações em que estão envolvidos, nos circuitos da cultura e do consumo? O que seria “promover diálogos críticos” com esse público?
A partir dessas reflexões, dialogue com seus colegas: o que é, do seu ponto de vista, ser reflexivo e crítico na criação profissional?

Como designer e ser criador, todos os dias enfrento um novo desafio, um novo projeto em que o sonho de alguém está sob a minha responsabilidade. Pessoas que confiam no meu talento e buscam, na minha arte, a imagem personificada das suas imaginações. 
Como designer, todos os dias, tenho que estar atento a novas formas, a criar uma arte que seja diferenciada e conquiste os olhos que se pousarem sobre ela. E além disso, como designer, preciso buscar criar algo que tenha uma base, uma história, que seja diferente do que existe, do comum.
O grande dilema de qualquer artista que tenha respeito pelas suas criações e pelo mundo da arte. Fazer da sua arte algo que ultrapasse os limites, os conceitos, que critique, que mude, que faça diferente. A seguir, contarei uma historinha de como a responsabilidade do artista é grande neste meio, e o tanto de variáveis que estão diretamente relacionadas com o que o artista cria.
Em 2009, a Lorena Monjardim entrou em contato comigo, pois eles estavam completamente tristes com o designer com o qual trabalhavam até então. E uma amiga em comum indicou-me para eles. Ela me ligou e já no começo da conversa ela me fala: “olha, eu quero um designer que crie a nova identidade da minha empresa e depois, suma da minha vida”. Isto só para ter uma ideia de como estavam descontentes com o profissional do design. Além da responsabilidade de criar uma nova identidade visual capaz de conquistá-los, eu ainda tinha que reconstruir a imagem do profissional que eles haviam perdido.
Em dezembro daquele mesmo ano, quando já tinha criado a nova identidade visual (aprovadíssima!!!) da Monjardim Noleto Fotografia, ela e o Rafael Noleto me convidaram para uma parceria, na qual eu assumiria a direção de arte dos álbuns de casamentos. Tal convite foi, para mim, um grande presente, pois demonstrava que tinha conseguido. Além de criar a nova identidade visual, recuperei a confiança deles no profissional de design. E isto é algo que nos leva a refletir sobre o nosso papel diante da sociedade, do papel da arte e da criação.
E assim, tem sido ao longos dos anos na história da Arte. Enquanto artistas, estamos conectados com valores, sentimentos, desejos, amores, sonhos, frustrações, derrotas e vitórias. O mundo ao nosso redor conectado às nossas criações e nossas criações conectadas ao mundo a nosso redor. Sempre foi assim e sempre será. E o que tem mudado então?
Bom, ao meu ver, o que tem mudado é a forma como esta conexão tem sido feita, a forma como ela tem evoluído. Até mesmo a forma como vemos a arte. E por mais que os conservadores não gostem da ideia, não há como negar, o computador e a internet foram e são dois grandes atores nesta revolução do mundo da arte.
Roberto Conduro inicia seu texto mencionando estas transformações e citando alguns artistas que fizeram parte destas mudanças. E completaria esta lista com os vários artistas anônimos que eu vejo nos meus passeios diários por sites na Internet. Tem muita gente boa, trabalhos incríveis que graças a esta nova tecnologia, a internet, estas obras tornaram-se acessíveis de uma forma como nunca vista antes. Visito vários sites e participo de várias redes sociais de design e todos os dias me surpreendo com algum trabalho. E gostaria de apresentar alguns aqui:




Floating Mind

E como estes, encontramos muitos na Internet. São os novos atores deste jogo que Conduru tão bem conceitua. E muitos deles estão aí para jogar mesmo, se fazerem ser notados, querem que suas artes questionem e sejam questionadas, provoquem e sejam provocadas. Com a internet, todo mundo é o jogador e é o alvo. Ao mesmo tempo que visito sites de artistas ao redor do mundo, eles visitam os meus. São os museus da nova era.
E não vejo isto com pessimismo, veja como uma explosão da criatividade humana que só tem a engrandecer o campos das artes. Fico imaginando se na época de Leonardo da Vinci, Monet, Dalí, Lautrec, se houvesse internet, se houvesse esta possibilidade de acesso e visualização, quantos outros artistas teriam tido o seu espaço, quantos seriam conhecidos pelas gerações futuras.
Então, não fico questionando o que é arte e o que não é. Acho que este tipo de questionamento é limitante demais. Até mesmo porque nossa história mostra quantos erros foram cometidos quando rotulamos a arte. Acredito que o que deve ser analisado é a forma como determinada obra se porta no tempo e no espaço, que sensações ela proporciona, o que ela aguça. 
Os novos críticos de arte não podem parar no tempo, comparando a arte dos tempos atuais com a do passado. Não há comparação, o que deve ser observado é o papel destas novas obras, destes novos artistas no contexto histórico em que se encontram. E ainda bem que estamos caminhando neste sentido e apreciando a obra em si, o que elas nos questionam, o que elas nos fazem buscar.
Aqui, quero voltar àquela parceria que citei anteriormente, com a Monjardim Noleto Fotografia. Como escrevi, a parceria envolvia eu assumir a direção de arte dos álbuns de casamento e como designer, meu papel diante deste desafio era ultrapassar o entendimento do que é um álbum de casamento. Ele é simplesmente um grupo de fotos reunidas em uma página? Não! Um álbum de casamento é o elemento de uma história que começou quando duas pessoas se conheceram e então, um dia, resolveram juntar as escovas de dentes e celebrar com familiares e amigos, este momento tão importante. Um álbum de casamento é uma mistura de sentimentos, de alegrias, músicas, sonhos. 
E tendo isto em mente, eu não poderia simplesmente reunir fotos em uma página. Era minha obrigação como designer ir além e então, uma nova concepção de álbum foi se formando, um álbum que se transformava de um álbum de casamento para um livro de arte, onde o design digital era um dos elementos integrantes nesta nova concepção.
E isto é questionar, é ser crítico, transformar a nossa criação. Mostrar o valor de cada um de nós, artistas desta nova era. E temos espaço para isso, temos espaço para pessoas talentosas e ainda bem que pessoas talentosas não faltam. E elas se destacam nesta nova era. Elas se destacam.

Red Kisses,
Chris

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Parabéns, Maninha!!!!!!!

Minha irmã passou no Vestibular!!!!!!!!!!!!!!

Parabéns, maninha!!!!!!!!


Red Kisses,

Chris

Portfolio: Illustração Luciana + Felipe

A ilsutração abaixo foi criada para ilustrar a capa do álbum de casamento da Luciana e do Felipe. Eles casaram ano passado e a Monjardim Noleto Fotografia foi a responsável pelas fotografias. A The Red ((design&web)) trabalha em parceria com a Monjardim Noleto, na direção de arte dos álbuns de casamentos.



Red Kisses,

Chris

Coming Next: Bicalho Aquários

Meu mais novo projeto é a Bicalho Aquários. A Bicalho é uma das mais tradicionais lojas de aquários de Brasília, fica no Brasília Shopping e em 2011, está passando por uma renovação geral de toda a sua identidade visual.

O projeto inclui revisão da marca, criação do site, loja virtual, identidade visual e vários impressos e e-mail marketing.

Em dezembro, postei aqui, os primeiros itens criados para a Bicalho para a promoção de Natal (veja aqui).

No momento, estou trabalhando na revisão da marca, no site institucional e alguns itens de impressos.

Para compor o site e alguns materiais impressos, defini como parte da direção de arte misturar telas em acrílica com arte digital. Assim, pintei alguns peixes em acrílica sobre o papel. Depois, escanei e manipulei as imagens no Photoshop. Segue algumas imagens de uma das telas:

A Tela

A Tela manipulada no Photoshop

Aplicada em um dos materiais
Em breve, o projeto completo estará aqui.

Red Kisses,

Chris

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

American Life by Julio Skov

E Julio Skov lança mais dois super vídeos. Desta vez, a música escolhida foi American Life, em duas versões.




Os vídeos



Red Kisses,

Chris

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Coming Next by The Red: //PPIS

Projeto PPIS, sistema para as empresas Projeto Eventos e PR Music. Em criação. Desenvolvido em parceria com a IDevelop.


Red Kisses,

Chris

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

//Portfolio: Bicalho Aquários

Painel e E-mail Marketing criado para promoção de Natal da Bicalho Aquários, no Brasília Shopping.






Red Kisses,

Chris

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Something Bigger

Eu tinha postado aqui e aqui pedaços de uma arte que tinha criado. Agora, apresento a arte completa, pois a mesma já se encontra com o seu dono. Esta arte digital, eu criei para presentear um grande amigo meu no seu aniversário, o Ever.

Assim que recebi da gráfica. Antes de enviar para o Ever.

Com Moldura e já na parede do dono.
 Parabéns, Ever!!!

Red Kisses,

Chris

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Um Presente Super Especial!!!

Minha semana de natal já começou em alto e maravilhoso estilo. Hoje, pela manhã, recebi um pacote e sabem o que tinha dentro dele: UM PRESENTE SUPER ESPECIAL! Um presente de alguém mais que especial, de alguém super importante na minha vida, o sempre presente Ever.

Ever, você é um anjo! OBRIGADOOOOOOOOOOO POR TUDO QUE VOCÊ E REPRESENTA NA MINHA VIDA. OBRIGADO POR FAZER PARTE DE MIM!

Olha o desenho que ele fez de mim: ADOREI!!!!!!!



Red Kisses,

Chris

domingo, 19 de dezembro de 2010

The Red Attacks: meu primeiro joguinho

Ontem, terminou as aulas do curso de Flash CS5 Avançado que eu estava fazendo. As duas últimas aulas foram sobre Animação Interativa Avançada e na aula de ontem, aprendemos a fazer um joguinho para internet.

É algo bem simples, mas fiquei super feliz de ter aprendido a fazer joguinhos. Em breve, quero criar outros :). Quem sabe, me aprofundar neste campo de jogos, né?


Acesse o jogo: http://www.thered.com.br/jogos/jogo01-theredattacks.html

Com o tempo, irei me aperfeiçoando. :)

Red Kisses,

Chris

Pipilotti Rist: uma artista de videoinstalações.

Começamos o novo módulo na pós-graduação e nesta unidade, a professora nos passou o texto Destino da arte: arte e cultura no mundo moderno e contemporâneo, de Vera Beatriz Siqueira. E junto com o texto, o seguinte questionamento:

Em seu texto “Destino da arte: arte e cultura no mundo moderno e contemporâneo”, Vera Beatriz Siqueira discute as intrincadas relações que se estabeleceram, desde o século XIX, entre a produção das obras de arte e a produção dos outros objetos, imagens e técnicas que constituem a cultura material. Ao longo daquele período, os conceitos e valores de diferenciação entre a arte e as demais produções vieram se tornando cada vez mais ambíguos. Conceitos até então fundamentais para a definição de arte, como os de representação, autonomia, originalidade e unicidade, parecem ter perdido a força, enquanto conceitos como expressão, apropriação, repetição e efemeridade foram ganhando importância no pensamento e na prática artística do século XX.

Essas transformações se deram à medida que o campo das idéias e das práticas da arte se expandiu e se misturou às linguagens, técnicas e visualidades das diversas práticas culturais. A chamada “ampliação do campo artístico” trouxe, como mostrou a autora, uma maior complexidade às tarefas do juízo crítico e da reflexão sobre o valor artístico, mas nem por isso as tornou menos necessárias. Ao contrário, o questionamento dos conceitos e processos envolvidos no trabalho de arte, a busca por sua articulação histórica e o engajamento perceptivo – tanto de artistas e estudiosos quanto do público interessado – continuam a ser cruciais. Deles depende a manutenção da tensão crítica e produtiva da arte dentro de um sistema cultural que tende ao mercantilismo e à espetacularização.

O texto nos dá inúmeros exemplos de práticas artísticas que exploram esses limites entre o que entendemos ou não como arte. O “Livro de carne” de Artur Barrio, as intervenções urbanas de Gordon Matta-Clark e a “Performance do vazio”, de Yves Klein, são trabalhos que lidam com a impermanência material, a efemeridade do fenômeno artístico. Outro exemplo, estudado no bloco Montagem, é a videoinstalação “O céu e a Terra”, de Bill Viola, que lida com a apropriação artística de produtos e tecnologias da cultura de massa para carregá-los de um sentido subjetivo. Através de uma pesquisa mais ampla a respeito desses quatro artistas na Internet, em livros ou em outros materiais, você poderá conhecer e refletir mais sobre as dimensões crítica e poética de seus trabalhos.

Trazendo essa discussão para práticas artísticas ainda mais recentes, como a fotografia e a videoarte digitais, as instalações multimídia e a arte computacional, podemos levantar questões semelhantes a respeito das suas articulações conceituais, históricas e poéticas. A absorção das tecnologias eletrônicas na arte traz novos vocabulários, ferramentas, lógicas e processos de trabalho que também fazem parte das grandes mudanças em curso na formação de uma rede cultural globalizada. Portanto, as várias modalidades tecnológicas da arte dão continuidade à ampliação do campo artístico. Elas alimentam a complexidade de todas aquelas problematizações que têm marcado a arte desde o século XIX: o tensionamento dos limites entre o que é real ou irreal, sensorial ou intelectual, objetivo ou subjetivo, individual ou coletivo, permanente ou efêmero, arte ou não-arte.

Agora realize uma pesquisa na Internet, em livros ou em outros materiais, e estude exemplos de trabalhos de arte que tenham sido criados com as novas tecnologias eletrônicas. Escolha o trabalho de um artista e procure se informar sobre a sua produção.

No fórum, indique o artista que escolheu e as fontes de sua pesquisa e discuta, a partir desse exemplo, como percebe as relações entre os recursos tecnológicos empregados e o sentido crítico ou poético produzido pelo artista com esses recursos.

A seguir, segue meu artigo para a questão proposta:

Baseado na videoinstalação “O céu e a terra”, de Bill Viola, optei por trazer uma artista da atualidade que brinca com as videoinstalações: Pipilotti Rist. Meu primeiro contato com ela foi no site da Revista Bravo, em outubro do ano passado, por meio deste artigo:
http://bravonline.abril.com.br/conteudo/artesplasticas/sexo-morangos-videotape-pipilotti-rossi-502704.shtml 

Citando um trecho do artigo: "Suas videoinstalações conseguem furar a barreira da indiferença e proporcionam ao espectador uma experiência singular. Com projeções que tomam paredes inteiras dos espaços expositivos, trilhas sonoras e tons saturados, a artista explora os limites entre o racional e intuitivo, o físico e o psicológico."

Por que a escolhi? Sempre gostei da mistura dos conceitos de arte e tecnologia e as videoinstalações traduzem muito bem esta mistura conceitual. Elas sempre me atraíram como um mero espectador e também como designer. Além de se encaixar perfeitamente nas ideias de expansão das artes e da sua conexão com diferentes técnicas, tema do questionamento proposto neste fórum, assim como, do texto “Destino da arte”, de Vera Beatriz Siqueira.

Esta mistura da arte com a tecnologia nos tempos atuais pode ser comparada com a relação que aconteceu quando do surgimento da fotografia com a pintura, assim como, a polêmica. Acredito que passamos, atualmente, o mesmo dilema quando a fotografia surgiu e trilhou o seu caminho no intuito de ser reconhecida como um campo artístico também. O trabalho da Pipilotti questiona muito estes limites (ou não limites da arte). Sobre a arte, ela cita:

“Arts task is to contribute to evolution, to encourage the mind, to guarantee a detached view of social changes, to conjure up positive energies, to create sensuousness, to reconcile reason and instinct, to research possibilities and to destroy clichés and prejudices.”  (em livre tradução: o objetivo da arte é contribuir para a evolução, para enconrajar a mente, para garantir uma visão destacada das mudanças sociais, para evocar energias positivas, para criar sensualidade, para conciliar razão e instinto, para procurar possibilidades e destruir clichês e preconceitos) 

As instalações em vídeos estão cada vez mais presentes nos campos artísticos. Trago, a seguir, alguns exemplos do uso das videoinstalações nas apresentações de cantores e em shows. Os vídeos ocupam espaços diversos nestes ambientes. Desde a simples participação de fundo a uma participação literal no show, tornando-se praticamente, um elemento-personagem.

Todos nós conhecemos o Cirque Du Soleil e a forma como eles recriaram o circo e junto veio as instalações de vídeo, transformando o pano de fundo das apresentações, onde não tem mais apenas a lona de circo. Entre os artistas e a lona, surge um novo elemento: as video instalações. Para ilustrar, trago o trailler do espetáculo Love, uma parceria do Cirque du Soleil com os Beatles, onde todo o espetáculo é baseado na obra dos Beatles: http://www.youtube.com/watch?v=05VVz6sy7NA 





No show Sticky & Sweet Tour da Madonna, os vídeos passeiam pelo palco. Algo parecido, ela já havia feito em suas turnês anteriores, como na Drowned World Tour, com uma mistura de televisores, tecnologia, luzes e vídeos, dando dinâmica e efeitos, principalmente, na parte inicial do show: http://www.youtube.com/watch?v=kgovJ86Gx7Y


Na Re-invention Tour, os telões se movimentam para lá e pra cá, têm um balé próprio, como o que acontece na abertura do show: http://www.youtube.com/watch?v=NO-ZZGLEi0s


Na Confessions Tour, as videoinstalações estavam no chão também, como podemos observar neste link: http://www.youtube.com/watch?v=x9o12iMBSnE


E na última turnê, Sticky & Sweet Tour, as videoinstalações, além de darem um passeio pelo palco, são partes integrantes do show e fazem dueto com Madonna. Como na apresentação da música 4 Minutes, onde temos Justin Timbarlake cantando e dançando com Madonna. Ela em carne e ele, em vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=FUcr_BbCfQ0


E sem deixar de lado nossos cantores, no Show Dois Quartos, da Ana Carolina, os vídeos também estavam lá presentes, dialogando com a música, com o público: http://www.youtube.com/watch?v=rPqz15bZmSA

Em outras palavras, as videoinstalações cresceram e estão ocupando mais espaços no mundo da arte e ainda veremos muito mais deste campo. E a artista que escolhi, Pipilotti caminha livremente por esta área.

Rist é uma artista sueca que vai mais longe, saindo do espaço de uma caixa ou uma tela plana para projetar suas obras sob os mais diversos e inesperados ambientes. Como ela mesma descreve: "A imagem eletrônica é tão onipresente em nossa vida e sempre a deixamos numa única direção, olhamos sempre para dentro de uma caixa. Nós devíamos libertar esses fantasmas, misturá-los mais com o nosso cotidiano." 





Beatriz fala desta relação da arte com o ambiente, no trecho sobre o “site-specific art”. As videoinstalações de Rist conecta-se sobre o seu ponto de projeção. Em uma de sua obras, Laplamp, de 2006, imagens de plantas são realizadas sobre o colo do espectador. "Podemos usar as luzes, os movimentos do vídeo para nos confortar. Você se senta e coloca as imagens para passear por sua pele, é como alguém te acariciando", ela comenta.

Mas as inovações criativas e tecnológicas de Pipilotti não se limita aos aspectos de projeção, mas expanse-se às temáticas das obras. Em suas obras ela brinca, ironiza, brinca com a emoção e questiona.


Na videoinstalação Ever is Over All, de 1997, a artista está caminhando com uma flor tropical nas mãos e destruindo as janelas dos carros estacionados. O tema que, à primeira vista, parece bobo e violento ganha uma nova conexão quando o vimos. A áurea e a suavidade que o vídeo transmite chega a ser um calmante, e a imagem que poderia ter um aspecto repulsivo, ganha um ar de suavidade. http://www.youtube.com/watch?v=a56RPZ_cbdc


Uma outra característica forte dos trabalhos dela são as cores fortes e bem vivas. Assim como ela se veste no dia-a-dia, ela traz este traço de sua personalidade para as suas obras, ela diz que não tem medo das cores e que os europeus não deveriam temer também: "Por que os europeus têm mais medo das cores do que os brasileiros têm?", ela pergunta durante entrevista cedida à Folha. "Não concorda que as cores estão muito ligadas a emoções?"

Em 2009, ela lançou seu primeiro longa, Pepperminta, sobre a história de uma garota que mora em um arco-íris e seus bichos de estimação são morangos. E nele, encontra-se todas as características de suas videoinstalações. Estão lá a irreverência, as cores fortes, os questionamentos, as ironias. Uma grande mistura. Veja o trailler: http://www.youtube.com/watch?v=vDOX7iVEx6A


São muitas as obras desta artista que mistura arte com tecnologia, ultrapassando os limites da nossa concepção de arte e forçando-nos a liberar nossa mente para uma outra dimensão, mexendo com o nosso psicológico, com o nosso emocional. Vendo os vídeos de suas obras, me lembrei de Duchamp. Ambos buscando ir um pouco além do que esperava-se das artes. Ambos querendo abrir nossas mentes para uma definição diferente do que possa ser arte, nem melhor nem pior, apenas arte. 


Referências Bibliográficas:

  • http://bravonline.abril.com.br/conteudo/artesplasticas/sexo-morangos-videotape-pipilotti-rossi-502704.shtml
  • http://www.youtube.com/watch?v=a56RPZ_cbdc
  • http://www.hauserwirth.com/artists/25/pipilotti-rist/biography/
  • http://www.pipilottirist.net/
  • http://www.pepperminta.ch/
  • http://www.luhringaugustine.com/artists/pipilotti-rist/#
  • http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u627893.shtml
  • http://www.google.com.br/search?sourceid=chrome&ie=UTF-8&q=Pipilotti+Rist
  • http://en.wikipedia.org/wiki/Pipilotti_Rist
  • http://www.mansionvitraux.com/blog/index.php/2010/08/videoarte-con-los-cinco-sentidos/
  • http://www.youtube.com/watch?v=VJhgIcbSEeM
  • http://www.youtube.com/watch?v=vDOX7iVEx6A

Red Kisses,

Chris

.