domingo, 25 de julho de 2010

//Pós-Graduação: Bloco Fragmentação/Fórum 3 - linearidade e descontinuidade

Correria, velocidade, rapidez... intensos fluxos de imagens constituem o mundo contemporâneo. Já nascemos atrasados, uns dizem. Outros dizem que tempo é dinheiro... e enquanto isso vemos movimentos como o "Slow Food" que busca resgatar o hábito antigo de apreciar, calmamente, uma refeição. Oposto dos fast foods de cada esquina...

A televisão é um importante veículo de imagens, de presença massiva na vida cotidiana. Sua programação reúne diversas estruturas de articulação espaço-temporal, desde as formas narrativas mais tradicionais até extremos de fragmentação.

Nesse fórum, debata sobre essas estruturas: pense exemplos de linearidade e descontinuidade na televisão e discuta com seus colegas os seus diferentes sentidos.

Novelas, filmes, programas alternativos, canais independentes, TV aberta, canais a cabo... as fontes para esse nosso debate são muitas. Mãos à obra!!!

A verdade é que a televisão ficou chata, emburreceu demais, cheia de programas sem conteúdo, sem elementos novos.

Antigamente, eu era noveleiro. Hoje, tem séculos que não sei o que é uma novela, não tem mais graça, perdeu-se no tempo.

A TV salva-se "ainda" nos canais de tv a cabo, que é rica em documentários, vide canais como History, Discovery e Animal Planet. Mas até a TV a Cabo está caminhando para um emburrecimento. As pesssoas fugiram da TV aberta para a TV a Cabo, com a perda de audiência das emissoras nas TVs abertas, elas estão invadindo as TV fechadas com seus programas enlatados. Vide o novo canal da globo, o Viva, que nada mais é do que uma coletânea de um monte de programa de besteirol dos tempos recentes.

A TV, contínua ou descontínua,linear ou não-linear, está perdendo, pouco a pouco, seus atrativos, pois não se renova. O Ulisses colocou um exemplo muito bom, que foi a novela O Rebu. Este tipo de dinâmica não se vê mais na TV atual, e olha que nossa tecnologia é muito mais avançada do que na época de O Rebu.

Acessando ao site teledramaturgia.com.br para me atualizar sobre o mundo das novelas atuais, olha o que descobri sobre a última novela das 7, Tempos Modernos:

"A novela começou com promessas de modernidade (como bem sugere o título) e ares de inovação em estrutura teledramatúrgica, visto em sequencias e diálogos ágeis e em tons irônicos. O autor propunha uma mistura de futurismo (o edifício Titã, o robô Frank e a figura fria e mecanizada da vilã Deodora, de Grazzi Massafera) com tons farsescos e quase caricatos (como os personagens do núcleo da Galeria do Rock, mais precisamente na relação conturbada entre um quarentão roqueiro convicto mas amargurado - Ramon, de Leonardo Medeiros - e uma cantora lírica de sucesso - Ditta, de Alessandra Maestrinni).

Mas a audiência não conseguiu acompanhar. Em pouco tempo, ajustes foram feitos pelo autor e mudaram substancialmente Tempos Modernos. Personagens sairam de cena e outros tiveram características bastante alteradas. O vilão Albano (Guilherme Weber), por exemplo, teve seu fim precipitado, enquanto sua comparsa Deodora deixou de ser uma figura robótica para ganhar ares mais humanos, chegando até a apaixonar-se. O robô Frank também foi desligado, deixando de ser o elo entre o mundo atual e o futurista que a novela propunha. O autor também passou a carregar mais no melodrama, visando chamar audiência. Mas apesar de todas as mudanças, pouco resultado tem surtido."


Então, fica aí uma questão importantíssima. Até que ponto, nos dias atuais, é possível fazer uma novela mais dinâmica, não-linear, nos tempos de hoje? A população emburreceu tanto que não cabe mais algo novo na TV brasileira? Um novo 'O Rebu' não tem mais espaço nos dias de hoje? E se isso for verdade, estamos em um ciclo vicioso muito perigoso, pois a TV não se renova porque a população não se renova e a população não se renova porque a TV não se renova. Quando algo novo é proposto e não é aceito pela grande massa de espectadores, ou seja, não há audiência, a TV não desafia, ela se rende e volta a mesma fórmula de sempre.

Inclusive, o cinema está indo pelo mesmo caminho. São raros os filmes que realmente surpreendem, que trabalham uma história que prenda o público. Os casos mais recentes de filmes que eu gostei e que de fato foram surpreendentes são: Guerra ao Terror e Direito de Amar, este último tem um final tão inesperado que me deixou extremamente emputecido, mas ainda assim um excelente filme.

Em termos de não-linearidade, Amnésia é um grande exemplo. E diferente dos filmes de Tarantino que amarra totalmente a história deixando tudo explicadinho. Em amnésia, isto não acontece. Até hoje fica a pergunta: ele matou de fato o assassino da esposa? Não se sabe, pois o próprio personagem não lembra.

Um caso de não continuidade e não linearidade bem recente na TV Mundial e que mobilizou milhares de pessoas ao redor do mundo foi a série LOST.

A forma como a série foi construída com as idas e vindas e os mundos paralelos (flashbacks, flashforwards, flash side-ways) prenderam a atenção de pessoas ao redor do mundo, na busca por entender o que era a história de cada um dos personagens do seriado.

Em cada capítulo, havia uma peça, um fragmento de uma história que era contada aos poucos até o episódio final. Em um mesmo episódio, éramos levados para o momento passado, presente e futuro. E um episódio não necessariamente continuaria a história do episódio anterior, que só teria uma continuidade em um dois episódios depois.

A própria forma como esta e outras séries são contadas são exemplos de não-linearidade e não-continuidade na TV.

Para encerrar minha participação neste fórum, volto a dualidade continuidade/não continuidade na TV.

Lembrei-me de um recurso muito utilizado em filmes, principalmente, filmes de terror, geralmente, nos segundos finais do filme. Sabe quando tem um monstro e nos últimos minutos, ele é morto e aí, o filme acaba, mas nos últimos segundos, aparece ele lá, dando a entender que ele não morreu, ou que deixou um 'filho'? Deixando o filme com algo não resolvido.

Pois é, este recurso é bem característico desta dualidade continuidade/não-continuidade. Na TV, eu não vi muitos exemplos, mas me lembro dele sendo usado na novela A Próxima Vítima, quando no último capítulo, já com o mistério das mortes resolvido, surge outro mistério, o assassinato da personagem interpretada pela Cláudia Raia, mas sem resposta para este assassinato. E aí, fica o mistério, sem uma continuidade.

Red Kisses,

Chris, The Red ("Nossa TV está em crise, com linearidade ou sem, com continuidade ou não, está em crise.")

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