quinta-feira, 9 de setembro de 2010

The Red para o Biotriz

Biotriz é o blog do site Biotrix, desenvolvido em parceria com o Maurício da Agência Cartaz. A Nurit é uma das responsáveis pelo Biotrix e fizemos um desafio. Eu enviaria uma imagem para a Nurit e ela escreveria um texto e vice-versa. A primeira etapa já foi cumprida.

A imagem que escolhi foi uma que fiz para o Desafio Computer Arts 2009, com o tema Sustentabilidade. Semana passada, a Nurit postou o texto no blog Biotriz para inaugurar uma nova sessão, a Biotectrix, focado em Biotecnologia.

A seguir, a imagem e o texto escrito pela Nurit.



O fim do interlúdio darwiniano
Postado por Nurit Bensusan


A mente deve ser de fato reciclável. De uma maneira metafórica, mas, talvez, de uma maneira literal também: será que os avanços da biotecnologia e da neurologia combinados não nos conduzirão à possibilidade de limpar partes de nossa mente, introduzir novos conteúdos de forma imediata, desde conhecimentos até memórias. Enfim, reciclar literalmente...


Há alguns bilhões de anos, quando surgiu a vida neste planeta, os seres que existiam na época, todos unicelulares, trocavam material genético indistintamente entre eles. Poderíamos dizer que havia uma troca horizontal. Na medida em que começou a haver diferenciação, a troca de material genético se tornou mais limitada, nem todos os seres trocavam entre si. Começava aí uma era regida pela seleção natural e pelos mecanismos da evolução biológica, descritos por Darwin há cerca de 150 anos.

O resultado disso é que peixes e plantas não trocam material genético há mais de 400 milhões de anos. Répteis e mamíferos, há pelo menos 300 milhões de anos. Hhhh A troca de material genético se dá apenas entre seres da mesma espécie, ou, no máximo, de espécies aparentadas.

Agora, porém, tudo está mudando…

Com os organismos transgênicos, onde o material genético de uma espécie foi inserido no de outra, essa situação mudou. Se é possível inserir genes de uma espécie em outra com a qual ela não troca material genético há alguns milhões de anos, voltamos ao cenário inicial: troca horizontal, troca total. Com o avanço da biotecnologia, haverá, em pouco tempo, uma quantidade significativa de genes de outras espécies inseridos em qualquer espécie. Questões como "o que é uma espécie, então?" surgirão. Serão 65% de genes de gato suficientes para um organismo ser considerado gato? Ou 50,1% de genes de ipê suficientes para ser um ipê?

Rapidamente, essas dúvidas migrarão para nossa espécie. Questões sobre o que é ser humano nesse contexto emergirão. Basta uma determinada quantidade de genes humanos para ser humano ou isso dependerá de quais outros genes fazem parte do material genético do indivíduo em questão? Um ser com 39% de genes humanos, 30% de genes de gorila, 30% de genes de lêmures e mais 1% de genes de micro-organismos será o quê? Outra questão será a da reprodução da forma como a conhecemos hoje: será ela possível entre dois organismos que são e não são da mesma espécie? A escolha da reprodução, ter ou não ter filhos, passará não apenas pela decisão de duas criaturas, mas pela necessidade de assistência tecnológica, rompendo, assim, o mais básico ciclo da vida.

Nossa noção de diversidade biológica terá que se transformar completamente, e, aí, o período em que a seleção natural regeu a evolução dos organismos terá se encerrado: o fim do interlúdio darwiniano…

Postagem Original: http://biotriz.wordpress.com/biotechtrixxx/o-fim-do-interludio-darwiniano/

Red Kisses,

Chris

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