De que modo os materiais, processos e ações envolvidos nos dois trabalhos (Parangolé de Oiticica/Pier de Smithson) podem ser remetidos ao readymade (Duchamp)?
E apenas pelo olhar será superado.
Pelo olhar se enxerga a alma e se vê além.
Pelo olhar se descobre a alma e se encontra a verdade.
Pelo olhar, a vida se torna algo a mais.
Se torna verdade.
Se torna real.
Pelo olhar.
Só pelo olhar.” Pelo Olhar [Adriana em livro] - Christian de Sousa
Pelo olhar a arte se faz, se transforma, os objetos vão além daquilo para que foram criados. Um copo não é somente um copo, uma garrafa de vinho é uma pessoa, dançando em um ambiente multicolorido.
O olhar do artista transforma o olhar de quem vê que transforma o olhar do artista. A arte tem este poder de mutar os significados.
Quando Duchamp olhou a roda de uma bicicleta e viu arte ali, seu olhar transformou aquele objeto e seu significado mutou-se.
E uma nova concepção foi dada a objetos, quebrando barreiras e ultrapassando os limites da arte. Nascia ali o conceito de ‘ready made’ (transporte de um elemento, iniciamente sem um valor artístico, para o campo das artes).
Como diria Morpheus: “free your mind”. E neste caminho, surgem os ‘parangolés’ e os ‘piers’. E assim, a essência do ready made – transformar o que se vê em novos significados – ganha novas formas. Cresce.
E quando cresce, vai muito além, ele acopla o espectador à obra. Quando Oiticica imaginou o parangolé, ele deu um novo significado a um pedaço de tecido, mas ele também deu um novo significado ao espectador, ele tirou a obra de suas mãos e a colocou nas de qualquer espectador.
“O parangolé pamplona você mesmo faz
O parangolé pamplona a gente mesmo faz
Com um retângulo de pano de uma cor só
E é só dançar
E é só deixar a cor tomar conta do ar”
O parangolé pamplona a gente mesmo faz
Com um retângulo de pano de uma cor só
E é só dançar
E é só deixar a cor tomar conta do ar”
(parangolé Pamplona – Adriana Calcanhotto)
O mesmo acontece quando Smithson tira a arte de museus e a leva para o ambiente ao ar livre e transforma rochas e areias.
As obras feitas pela designer Wieke Somers, apresentada pelo tutor Jayme é uma ação de transformação da dor, da morte, dando um novo significado emocional ao sentimento da perda.
Red Kisses,
Chris, The Red ("vamos parangolear")
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