quarta-feira, 16 de junho de 2010

//Pós-Graduação: Bloco Movimento/Fórum 1 - Ready Made, Parangolés e Piers


De que modo os materiais, processos e ações envolvidos nos dois trabalhos (Parangolé de Oiticica/Pier de Smithson) podem ser remetidos ao readymade (Duchamp)?

“Pelo Olhar [Adriana em livro] trás uma visão de algo que está além da nossa superficialidade. Buscando o íntimo. Algo a mais de nossos conceitos a respeito das coisas.
E apenas pelo olhar será superado.

Pelo olhar se enxerga a alma e se vê além.
Pelo olhar se descobre a alma e se encontra a verdade.
Pelo olhar, a vida se torna algo a mais.
Se torna verdade.
Se torna real.

Pelo olhar.
Só pelo olhar.”
Pelo Olhar [Adriana em livro] - Christian de Sousa


Pelo olhar a arte se faz, se transforma, os objetos vão além daquilo para que foram criados. Um copo não é somente um copo, uma garrafa de vinho é uma pessoa, dançando em um ambiente multicolorido.

O olhar do artista transforma o olhar de quem vê que transforma o olhar do artista. A arte tem este poder de mutar os significados.

Quando Duchamp olhou a roda de uma bicicleta e viu arte ali, seu olhar transformou aquele objeto e seu significado mutou-se.

E uma nova concepção foi dada a objetos, quebrando barreiras e ultrapassando os limites da arte. Nascia ali o conceito de ‘ready made’ (transporte de um elemento, iniciamente sem um valor artístico, para o campo das artes).

Como diria Morpheus: “free your mind”. E neste caminho, surgem os ‘parangolés’ e os ‘piers’. E assim, a essência do ready made – transformar o que se vê em novos significados – ganha novas formas. Cresce.


E quando cresce, vai muito além, ele acopla o espectador à obra. Quando Oiticica imaginou o parangolé, ele deu um novo significado a um pedaço de tecido, mas ele também deu um novo significado ao espectador, ele tirou a obra de suas mãos e a colocou nas de qualquer espectador.


“O parangolé pamplona você mesmo faz
O parangolé pamplona a gente mesmo faz
Com um retângulo de pano de uma cor só
E é só dançar
E é só deixar a cor tomar conta do ar”
(parangolé Pamplona – Adriana Calcanhotto)

O mesmo acontece quando Smithson tira a arte de museus e a leva para o ambiente ao ar livre e transforma rochas e areias.

As obras feitas pela designer Wieke Somers, apresentada pelo tutor Jayme é uma ação de transformação da dor, da morte, dando um novo significado emocional ao sentimento da perda.

Em todas estas ações, o conceito de readymade está presente. Em todas elas, há a transformação de significados, transportando o elemento do campo comum e dando a ele um valor artístico.


Red Kisses,


Chris, The Red ("vamos parangolear")

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